Citações

Definição
Citação é o que fazemos quando utilizamos as ideias ou trechos que foram escritos por outros autores em nossos trabalhos escritos. Toda citação tem de ser acompanhado da indicação de sua fonte. Caso não se faça esta indicação, incorre-se numa atitude chamada “plágio”, que é crime previsto no artigo 184 do Código Penal.
Tipos de citação

  • Citação direta: ocorre quando reproduzimos integralmente uma passagem da obra de outro autor, copiando palavra por palavra. Neste caso, é preciso indicar a página exata (Exemplo 1).
Em Marx (1818-1883), Nietzsche (1844-1900) e Freud (1856-1939) – os assim chamados mestres da suspeita¹ –, temos a postulação da existência de uma consciência falsa, proveniente de uma compreensão equivocada da estrutura (econômico-social para o primeiro, moral para o segundo, pulsional para o terceiro) subjacente à nossa consciência.
  • Citação indireta: ocorre quando nos apropriamos das ideias de um autor, porém as parafraseamos, utilizando as nossas próprias palavras. Neste caso, não é necessário indicar a página exata, pois a ideia pode se encontrar disseminada em toda a obra. Caso seja possível, podemos especificar os capítulos ou intervalo de páginas onde a referida ideia aparece com mais veemência.
A critica à supremacia da razão – forte traço do pensamento de Ricouer – tabém é muito visível nos textos de Nabert. Já em sua tese de doutorado ele afirma, por exemplo, que “A razão não contém mais a ciência em potência; as formas ou categorias só recebem um sentido definitivo por meio da adaptação contínua da razão à exeriência”².

¹ Cf., por exemplo, SCOTT-BAUMANN, Alison. Ricoeur and the hermeneutics of suspecion. New York: Continuum, 2009² NABERT, Jean. L’expériencer intérieure de la liberté. Paris: PUF, 1994, p. 189 (tradução nossa).
Como inserir a citação no nosso texto

  • Citação curta: é aquela citação que tem até três linhas. Esta citação deve ser inserida no corpo do texto, usando-se aspas duplas. Se na passagem citada houver aspas, estas aparecerão, no nosso texto, como aspas simples (Exemplos anteriores)
  • Citação longa: é aquela citação que ocupa quatro linhas ou mais. Neste caso, não usamos aspas, mas pulamos uma linha e iniciamos um novo parágrafo só para a citação. Este parágrafo tem de ter margem de 4 cm, e a fonte deve ser menor que a utilizada no nosso texto.
          A obra último período seria Psychologie et Metáphysique (1885), sobre a qual Ricoeur escreve que o que se privilegia não é mais a análise, mas sim a síntese, de modo que o Todo do pensamento passa a ser entendido como o próprio pensamento racional³. Nas últimas linhas dessa obra podemos ver uma passagem onde lachelier corroboraria as informações de Ricoeur:”Nós então abandonamos a análise e experimentamos a segur, por um procedimento de construção e de síntese, o progresso dialético do pensamento. Ao mesmo tempo, o que no início era apenas nosso pensamento, nos apareceu como a verdade em si, como o esse ideal que contém ou coloca a priori as condições de toda existência.” 4

³ Cf. RICOEUR, Paul. Méthode réflexive appliquée au problème de Dieu chez Lachelier et Lagneau, p. 6.138.4 LACHELIER, Jules. Oeuvres de Jules Lachelier. Tome I. Paris: Félix Alcan, 1933,p. 218 (grifos do autor, tradução nossa)
Sistemas de citação

  • Sistema autor-data: é a maneira que deixa o texto mais fluido. Indica-se, logo após a citação, o autor, o ano e a página entre parênteses. É evidente que a referência completa deve ser listada ao final do trabalho, nas Referências.
        Na proposta da continuidade da identidade pessoal, não é preciso que haja sequer um elemento que continue. Stephen Law utiliza a analgia da corda para explicara esta concepção: “Nenhuma das fibras que saem de uma ponta da corda pode ser encontrada saindo da outra ponta. No entanto, todas essas fibras foram uma única corda devido à maneira como as fibras se sobrepõem.” (LAW,2003, p. 82). É esta hipótese que buscaremos investigar a partir de agora.
  • Sistema numérico: nesse sistema, utiliza-se as notas de rodapé para citar as fontes. Na primeira vez que a fonte aparece, menciona-se a referência completa. Nas vezes seguintes, menciona-se apenas o nome do autor e o nome da obra. No caso de obras que se repetem muitas vezes ao longo do nosso texto, pode-se inclusive estabelecer logo no começo do texto uma Lista de Abreviaturas, e utilizá-la ao longo do trabalho.

Se citamos um mesmo autor duas vezes consecutivas , substitui-se seu nome pelo termo “Idem” a partir da segunda ocorrência. Se for o mesmo autor e mesma obra, utiliza-se o termo “Ibidem” no lugar.

¹ NIETZSCHE, F. O nascimento da tragédia, p. 93-94. (grifos do autor).² Idem. A gaia ciência, p. 54.
¹ NAULIN, Paul. L’itinéraire de la conscience, p. 71.² Ibidem, p. 73

Citação de citação (apud)
Devemos sempre buscar ter acesso aos textos originais para poder citá-los. Contudo, nem sempre isso é possível, pois alguns textos são muito difíceis de obter. Nesse caso, podemos “pegar emprestado” uma citação de outro autor que tenha citado, desde que o mesmo seja bastante confiável. Para esses casos, devemos indicar que não tivemos acesso à fonte original, mas que pegamos a citação a partir de um texto que a citou. Para tanto, utilizamos a expressão “apud”, que significa “citado por”.

     Reid também faz alusão a essa hipótese: “Eu vejo claramente que a identidade supõe uma continuação ininterrupta da existência. Aquilo que cessou de existir não pode ser o mesmo que aquilo que em seguida começou a existir”. (REID, apud PERRY, 1975, p. 108).*

* Neste caso, não tivemos acesso ao texto de T. Reid, mas pegamos a citação emprestada do texto de J. Perry, já que ela era extremamente importante para nosso trabalho. Nas Referências, a obra que consta é a de Perry, já que foi esta que consultamos.
Interrupções na citação

  • Supressão: pode ocorrer que, numa passagem, exista um trecho que é dispensável para nosso trabalho. É perfeitamente possível suprimir este trecho, desde que indiquemos que, no texto mencionado, havia uma parte que optamos por não transcrever. Essa indicação é feita por […].
     Vale a pena sublinha uma sutil distinção entre os conceitos de cogito partido e cogito ferido, como bem apontaram Abel e Porée:’Cogito partido’; ‘cogito ferido’: estas expressões não podem ser nitidamente distinguidas. Seu embasamento, em todo caso, é duplo,: epistemológico e ontológico. No máximo, a ênfase é colocada ou em um ou no outro. Outro ponto é que a ‘ferida’ infligida ao cogito se direciona antes de tudo à ‘suposta evidência’ de um pensamento que deseja saber, ao passo que o ‘cogito partido’ é o índice, no plano do pensamento, de uma ‘existência partida’, de uma ‘lesão’ interior ao nosso desejo de ser […]. Um convoca uma ‘atestação’ que partilha da incerteza do testemunho e ocupa um lugar epistêmico intermediário entre o saber e a crença […]. O outro suscita o que poder-se-ia denominar uma ‘reapropriação’: aquela, justamente, de nosso desejo de ser, por meio das obras que testemunham este desejo. (ABEL; PORÉE, 2009, p. 30, grifos do autor, tradução nossa)
  • Acréscimo: podemos também, no meio de uma citação, fazer acréscimos, como observações que julguemos importantes para o esclarecimento da mesma, ou comentários que queiramos fazer, etc. Basta abrir colchetes no meio da citação [  ] que fica subentendido que tudo o que se escrever lá dentro são acréscimos nossos, que não constavam no texto citado.
     Porém, segundo Nabert, é a razão dessa importância que precisa ser revista: a solidão surge na ausência de outrem não porque ele me falta, mas porque me falta a reciprocidade das consciências:É a reciprocidade de seus atos [isto é, da minha consciência e da consciência de outrem] que é primeira e que desperta cada umas das consciências a si mesma, antes de orientar e comandar a todo instante o seu [respectivo] desenvolvimento.Da interrupção desses altos nasce, sob a forma mais primitiva, mais bruta, o sentimento da solidão. (NABERT, 1943, p. 49, tradução nossa)

*Material escrito pela Drª. Cristina Amaro Viana Meireles

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